quinta-feira, 18 de julho de 2024

Resenha: Pollyanna Moça - Eleanor H. Porter

Capa de Pollyanna Moça com tradução de Monteiro Lobato (imagem: internet)

Anteriormente já resenhei o livro Pollyanna, e agora trago a resenha da continuação Pollyanna Moça. Gostei demais do primeiro livro, por isso, li a continuação também, hoje em dia, já existem diversas edições e traduções desta obra, graças ao sucesso do primeiro. Li uma tradução mais antiga e que dizem ser mais fiel ao original em inglês, a edição da Companhia das Letras com tradução de Monteiro Lobato. Ainda não tive a oportunidade de ler a obra no original em inglês, mas pelo trechos que vi não achei tão fiel a tradução de lobato, Lobato omitiu trechos da bíblia como Matheus 23:13,14-33 e até "ajeitou" algumas falas dos personagens. Isso tanto no primeiro livro como no segundo, um exemplo é a carta escrita por Pollyanna no final do primeiro livro. No original, Pollyanna viu o casamento de sua tia com o doutor Chilton do quarto do hospital onde estava, parece loucura mais aconteceu. Lobato ajeitou isso para não passar de um desejo não concretizado da menina. Lobato fez uma tradução ao seu estilo.

Capa de uma edição recente de Pollyanna Moça (imagem: internet)

Enfim, voltando a Pollyanna Moça, a sequência foi escrita por Eleanor HPorter em 1915, após receber diversas cartas de fãs da personagem pedindo uma continuação das aventuras da órfã do contente. Porter morreu em 1920, 5 anos após a publicação da sequência e devido ao estrondoso sucesso de Pollyanna. Após a sua morte, se seguiram 11 sequências dos livros de Pollyanna. A maioria escritas por Harriet Lummis Smith e Elisabeth Borton. A saga Glad Books (Livros do Contente) é composta por:
Eleanor Porter
1. Pollyanna 

Harriet Lummis Smith (resenhas no blog gringo Vince Review em inglês)
5. A Dívida de honra de Pollyanna 

Elisabeth Borton
8. O Castelo de Pollyanna no México 
9. A Porta para a Felicidade de Pollyanna

Margaret Piper 
11. A Protegida de Pollyanna 
12. Pollyanna joga o jogo

Eleanor Hodgman Porter (imagem: internet)

Eleanor Porter, data desconhecida, provavelmente na sua adolescência (imagem: internet)

Selo Imã de Littleton mostrando Eleanor H Porter (imagem: internet)

( Atenção! Spoiler )

Pollyanna Moça pode ser dividido em duas partes: na primeira parte, Pollyanna acaba de se recuperar do acidente no qual perdeu o movimento das pernas. Na segunda parte, ela já está moça e crescida, sua fama de pessoa especial atravessou a cidadezinha de Beldingsville, ela retorna e viverá novas paixões, novas aventuras e verá como se sentem os jovens apaixonados.

Como você deve se lembrar, no final do primeiro livro, Pollyanna foi atropelada por um carro e ficou inválida, e foi enviada para um tratamento no sanatório, ela já estava se recuperando aos poucos. Sua tia Miss Polly se casou com o médico Doutor Chilton.

Enquanto isso em Boston, Ruth Carew era uma senhora muito amargurada e que vivia triste e sozinha numa mansão em Boston com a criada Mary. Um dia, ela recebe a visita de sua irmã, Della Wetherby uma jovem enfermeira que iradiava alegria e contentamento desde a ponta do chapéu até a sola dos saltos-altos. Della chega toda contente a velha mansão de janelas fechadas, e que mais parece um túmulo. 

Della trabalhava no sanatório (hospital) onde Pollyanna, uma garotinha de 14 anos esteve internada durante o tratamento. Logo ela conta a sua amargurada irmã sobre a abençoada criança e como ensina a todos a cultivar o contentamento, mudando a vida destas pessoas. Ruth muito amargurada se nega a ouvir sermões e predicas, Della convence a irmã a trazer a menina para passar uma temporada em sua casa, enquanto seus tios viajam de férias para a Alemanha.

Após a chegada da menina, aos poucos Ruth Carew vê sua vida transformada, Pollyanna achava impossível fazer uma mulher tão amargurada e triste cultivar o contentamento. Pollyanna cativa a muita gente em Boston, ensinando seu 'jogo do contente', mas logo ela descobre que a vida numa cidade grande não é bem como ela imaginava. Um dia, ela vai passear num parque e conhece um homem esquisito sentado no banco da praça que é um velho falsário, logo após ela conhece uma rapariga triste e sozinha em outro banco, Sadie Dean, ela era uma caixeira que vendia laços numa loja, vivia num quartinho quente com uma única cama, um pequeno lavatório, e uma cadeira furada.  a moça acaba se perdendo, sem saber como voltar para a mansão, Pollyanna pede ajuda a um rapazinho que vende jornal, Jerry. Jerry reconduz Pollyanna para a casa, Já era noite quando os dois chegaram a mansão, ,onde Ruth Carew lhe dá uma bronca por sair sozinha.A princípio, ela desiste mas logo ela descobre o motivo de toda a tristeza e amargura da Madame. A muito tempo, a velha família Carew era composta pelo sr. e sra. Carew, que possuía 3 filhas: Doris, Ruth e Della. Doris teve um filho e morreu logo depois, o pai do menino Jamie Kent sumiu levando o garoto. Della virou enfermeira, e Ruth após a morte do marido, concentrou todo seu amor no seu sobrinho desaparecido, Jamie. Pollyanna vai ajudar a Sra. Carew a encontrar seu sobrinho desaparecido e conhecer novos amigos: Jerry, um menino jornaleiro, Jamie, um menino inválido e Sadie Dean, uma caixeira. Um dia, o pequeno inválido Jamie estava muito adoentado e de cama, Jerry entra em cena e vai chamar Pollyanna para lhe fazer uma visita, a Sra. Carew, Jerry e a menina logo se vêem numa luxuosa limosine conduzidas a um beco sujo e miserável. Há uma velha casa de apartamentos,elas são ,conduzidas por Jerry, subindo uma escada de degraus vacilantes e quebrados, e ao chegarem ao quarto, elas se deparam com uma cena triste: um quartinho minúsculo com vidraças quebradas, uma única cadeira e um lavatório, além de um armário com uma dúzia de livros, e no leito olhinhos febris e chorosos. Do outro lado do quarto estava uma mulher velha e curvada de reumatismo, a Sra. Mumsey Murphy. Pollyanna nunca tinha se deparado com tanta pobreza e tristeza na vida, a sra. Carew deseja saber se Jamie é seu sobrinho por isso começa a analisar os livros em busca de vestígios do pai do menino. Eram obras de Shakespeare, Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola redonda, O Pequeno Lorde de Frances Hodgson Burnett, A Dama do Lago e Ivanhoé e outras obras de Sir Walter Scott, além de outras obras de história. Nada a sra. Carew pode colher de novo, assim que elas foram embora, Pollyanna convenceu a dama a adotar Jamie. Anos depois,a mansão da sra. Carew estava mudada, as janelas estavam todas abertas, e o som das doces notas do piano tocado por Jamie enchiam a sala pareciam o som das harpas dos anjos no céu, o ar estava embalsamado pelo perfume de rosas. Naquela mansão, a alegria e o contentamento de espírito reinavam agora. No Natal, Ruth Carew convida o Sr. Pendleton, Jimmy, Pollyanna, Sadie Dean para festejar e comemorar o feriado em sua mansão, além de dar presentes aos pobres.

Na segunda parte, após anos viajando pela Europa e Alemanha com os tios, Pollyanna volta para Beldgsville já moça com 20 anos. Seu tio o médico Tomas Chilton faleceu precocemente, e a fortuna de sua tia Miss Polly está declinando. Nancy, a empregada vai até o velho solar dos Harrington preparar a chegada da viúva. Nancy agora está casada com Timóteo, filho do velho jardineiro Tom. Quando ela vê a chegada de um elegante cavalheiro no solar, é Jimmy Bean, amigo de infância de Pollyanna. Agora chamado Jimmy Pendleton, pois foi adotado por John Pendleton.

Jimmy quer saber o estado da viúva e da sobrinha. Logo após, Jimmy confidencia com o Sr. Pendleton na mansão Pendleton, cartas deixadas pelo seu falecido pai. Ruth Carew adotou o menino inválido Jamie a pedido de Pollyanna, mas ela ainda está em busca de seu sobrinho desaparecido.

Assim que chegam ao solar, Miss Polly e a sobrinha vão jantar frango com Nancy e Timóteo na cozinha. Pollyanna começa a procurar formas de ganhar dinheiro, ela se inscreve num concurso de contos de um jornal com um prêmio de 1 milhão. Sadie e Jamie Carew começam a se apaixonar. Para ganhar dinheiro, Pollyanna transforma a mansão de sua tia numa hospedaria para receber Ruth Carew, Jamie, e Sadie no verão.

Assim que os hóspedes se instalam na casa, o Sr. Pendleton e Jimmy os chamam para um acampamento. O grupo parte para o acampamento.
Eles se sentam ao redor da fogueira, cantam, contam histórias, assam milhos e marshmallows, fritam peixes.

No último dia de acampamento, Pollyanna vai colher flores acompanhada de Jamie, do outro lado de um murro de pedra, quando é perseguida por um touro furioso. Jimmy a salva, enquanto Jamie aos prantos lamenta estar preso as muletas e não poder ajudá-la. Com o fim do verão,o grupo retorna a Beldingsville, Ruth, Jamie e Sadie voltam para Boston, Jamie venceu o concurso de contos do jornal, e ganhou o prêmio de 1 milhão de dólares.

Pollyanna acha que está apaixonada por Jimmy, ela sussurra seu nome enquanto sente o aroma das rosas. Graças a uma carta deixada pelo falecido pai de Jimmy, Jamie Kent, Jimmy descobre que é o sobrinho desaparecido de Ruth Carew. 

Jimmy vai ao encontro de Pollyanna, onde Pollyanna confessa ama-lo também. Mas Pollyanna acha que o Sr. Pendleton esta apaixonado por ela. Mais tarde, na mansão da Sra. Carew, Jamie confessa seu amor a Sadie, enquanto o Sr. Pendleton confessa a Ruth Carew. Os casais estão felizes, Jimmy contudo, se sente infeliz pela ausência da moça. Quando Mary, a criada introduz Pollyanna na sala. Pollyanna e Jimmy 'Jamie' podem finalmente ficar juntos e jogar o jogo do contente juntos.

Não achei a sequência tão bom assim, o final é todo estilo contos-de-fadas-do-passado, com todos os personagens juntos e casados e namorando no final. Além de não ter nenhum vilão, senti falta de um vilão, gostei mais do primeiro livro. O final deste foi muito apressado e mal planejado, achei também estranho a história do pai do Jimmy ter deixado cartas revelando a identidade dele. Achei também o começo, toda a trama com a Ruth Carew muito improvável de acontecer, uma mulher amarga e dura mudar assim fácil como da água pro vinho.
Uma curiosidade que acho importante notar é que lá nos anos 1800, começo dos anos 1900, era comum nos Estados Unidos as pessoas terem lareiras em casa, além disso, eles usavam candeeiros na parede para iluminar as casas a noite, já que ainda não haviam as lâmpadas LED como hoje em dia.

Os candeeiros eram lâmpadas comuns nas residências dos Estados Unidos em 1800 (imagem: internet)

Como Littleton era uma cidadezinha próxima as montanhas brancas, o clima deveria ser mais frio e com nevadas ocasionais. As famílias se aqueciam nas lareiras em noites frias de inverno, enquanto costuravam ou liam. E como ainda não existiam lâmpadas LED, os candeeiros eram muito usados, e inclusive, aparecem em diversos filmes desta época: Sinfônia Prateada, Pollyanna, e Ama-me com Ternura.

Cena do filme Sinfônia Prateada onde aparecem candeeiros (imagem: internet)

Com a modernização das cidades, os candeeiros deixaram de ser usados, substituídos por LED e luzes incandescentes. E nos países frios, as lareiras foram substituídas por Aquecedores.

Agora, sobre a autora, Porter não inovou muito nesta sequência, senti falta da ausência de vilões na trama, e das coisas típicas da adolescência: nas meninas, a primeira menstruação, o aumento dos seios, e a preocupação excessivamente com a beleza e a aparência, fazendo uso de maquiagens e acessórios para embelezar o corpo, já nos meninos, o engrossamento da voz, o crescimento de pêlos e genitais etc. Mas como estamos falando de uma história de 1915, próximo a Primeira Guerra Mundial, imagino que os jovens eram desta forma naquela época.

Retrato de Porter usando um colar de pérolas encontrado na casa da família de Eleanor (imagem: internet)

Os trabalhos posteriores de Porter Alvorecer e O Caminho para a Compreensão trataram principalmente de personagens adultos. Há quem relacione Pollyanna com Anne de Green Gables de Lucy Maud Montgomery lançado 5 anos antes de Pollyanna, pois tratam de temas semelhantes e comuns na época, garotas órfãs de 11 anos que vão viver com os tios rabugentos e trazem um pouco de luz e alegria a vida destas pessoas infelizes. Inclusive, breve tentarei trazer uma resenha de toda a série da ruivinha Anne de Green Gables.

Este é o segundo livro do contente, é seguido por Pollyanna das Flores de Laranjeira de Harriet Lummis Smith. Agora Porter "passa o bastão" para Smith ( pobrezinha da boba da Eleanor :-( , ela havia morrido e talvez nem tenha chegado a conhecer Smith), as editoras da época contrataram outros autores para continuar a história de onde Porter parou, e nossa resenha chega ao fim aqui. Esta foi a resenha de hoje, fique com Deus e até a próxima. ;) <3

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