Oi pessoas e seus anjinhos da guarda.
O assunto de hoje é autores, gosto de falar sobre os escritores que tanto me inspiraram com suas obras, vou falar de uma das autoras mais importantes da minha adolescência, ela foi uma mulher revolucionária para a sua época, estou falando de Eleanor H. Porter(*ela viveu a muito tempo atrás ah muito tempo atrás mesmo)
É um pouco complicado falar sobre ela, já que as informações sobre a vida dela são muito escassas mesmo na internet, acho que isso porque ela viveu em uma época em que ainda não existia internet, nem redes sociais e nem smartphones, talvez já existisse cinema e tv mas eram em preto e branco, e possivelmente filmes mudos como aqueles do Charlie Chaplin.

Eleanor Emily Hodgman nasceu em 19 de dezembro de 1868, era filha do boticário, farmacêutico e negociante de peles Francis Fletcher, nascido em 1840 e faleceu aos 35-36 anos em 4 de março de 1876 e da dona de casa Llewela French Woolson nascida em 27 de Setembro de 1841 e faleceu em 23 de Janeiro de 1917, com 75 anos. Algumas fontes afirmam que ela teve um único irmão, Fred Clark que nasceu em 1864, e que Porter nasceu em uma família tradicional dos primeiros imigrantes da América. Ela gostava de música desde criança . Desde criança Eleanor sempre gostou de escrever, a família dela notou que ela tinha uma inclinação para a música e o canto, eles disseram que ela era "musical" e toda a educação da menina foi pensada para aprimorar os talentos musicais dela.
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Llewela French Woolson, mãe de Eleanor Porter. ( Imagem: Find A Grave). |
Nos dias de festa, como aniversários, casamentos e eventos sociais ela sempre escrevia um poema dedicado aquela ocasião. Ela brincava muito na sua infância e foi muito elogiada pela sua voz bela, realmente existem pouca informação sobre a infância dela. Em uma de suas cartas, E. Porter escreveu: “Cada um carrega em si uma boa luz, basta saber abrir a alma e dar essa luz às pessoas...”

Conforme foi crescendo, sua vocação para a música e a escrita ficavam mais evidentes. Ela morava em Littleton, uma pequena cidadezinha perto das montanhas brancas (white mountains) no estado de New Hampshire, estados unidos. Na região próxima ao Canadá, ali entre o Maine e Vermont, ela foi estudar na Littleton high school e nos dias de apresentações seu dever era cantar, tocar instrumentos músicais e atuar, ela sabia tocar piano, em ocasiões especiais como casamentos, aniversários eram sempre dedicados pequenos poemas de Eleanor. Ela foi uma criança bastante doente, então os professores das classes primárias foram até sua casa. Porter era vegetariano e estava envolvido em trabalhos de caridade. Ela era membro da Humane Society e fez campanha contra a crueldade contra os animais.
Mas então veio uma doença em sua juventude, naquela época como não haviam muitos remédios e vacinas disponíveis, a saúde das pessoas era bem mais frágil e qualquer doença podia ser fatal. Ela foi levada para casa, e por um tempo todos os livros foram banidos mas depois de um tempo, ela recuperou a saúde e ela voltou a estudar com professores particulares e conseguiu entrar para o "New England Conservatory of Music".
Nessa época as mulheres geralmente estavam destinadas a se tornarem donas de casa, já que não havia muitas mulheres no mercado de trabalho e quase sempre as mulheres eram costureiras, lavadeiras, cozinheiras, ou faxineiras. Mais tarde, assim que concluiu o que hoje nos chamamos de ensino médio, ela queria ser cantora e seguiu seu sonho de trabalhar com música. Ela se matriculou e foi estudar canto no New England Conservatory of Music ( Conservatório de música da Nova Inglaterra). Ela foi treinada como cantora.
Segundo a Enciclopédia Britannica, Ela tinha um irmão, Fred Clark Hodgman, nascido em dezembro de 1864, que casou-se em 1893 com Clara Brown Hodgman ( 1863 - 1948), ele morreu com mais ou menos com 71 a 72 anos, em 1936. 16 anos após a morte da irmã, e foi enterrado no mesmo cemitério que ela, Mount Auburn Cemetery, Cambridge, Massachusetts.
Os avós maternos de Eleanor eram: O avô Elijah Sabin Woolson (1801-1874) e a avó Hannah Savage Woolson (1804-1901), eles se casaram em 1824, e tiveram 9 filhos.
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Elijah Sabin Woolson, avó materno de Eleanor, pai de Llewela French. ( Imagens: Find A Grave) |
Quase não se têm notícias sobre como foi a vida de Eleanor, hoje informações sobre ela são escassas mesmo na internet. Ela deu aulas particulares e cantou em coros de igreja, e também frequentava os cultos de uma igreja presbiteriana(*acho que ela foi uma pessoa mais introspectiva e fechada na dela por isso também não existem muitas fotos dela e nem registros dos lugares onde foi e muito menos registros de pessoas com quem conviveu). Eleanor Porter deu um exemplar do romance "Pollyanna" à sua avó Marion em sinal de grande respeito e gratidão pelos conselhos que a escritora recebeu dela quando criança. Esta cópia está agora cuidadosamente preservada em uma das maiores bibliotecas do mundo - a Biblioteca do Congresso dos EUA.
Algumas fontes afirmam que a mãe de Eleanor, Llewela Woolson ficou inválida por grande parte da sua vida e foi cuidada pela filha e pelo marido. Quando ela se casou com o empresário John Lyman Porter, de Corinth e foi nessa época que ela abandonou o canto para se dedicar a escrita, ela começou a publicar contos em revistas femininas da época.Na literatura, tudo começou com pequenas histórias de ficção que foram impressas em jornais e revistas literárias como a "Woman's Home Companion" e a "Harper's Weekly".
Naquela época era comum essa prática de publicar em revistas e jornais, era uma forma de você ser conhecida como autora localmente, ela assinava seus contos sob o pseudônimo de Eleanor Stewart, há registros de que ela publicou pelo menos 200 contos. Para ela, isso já era um grande feito para a época, já que as mulheres não tinham muita liberdade como hoje. Ela tinha sido treinada como cantora e começou na escrita após o seu casamento.
Em 1892, ela se casou com John Lyman Porter, um empresário de Corinth ,Vermont. Ela tinha então 23 anos e John Lyman era um empresário de Boston que com o tempo chegaria à presidência da National Separator and Machine Company. O casal passaria a década seguinte se mudando, morando em várias cidades no leste dos Estados Unidos , incluindo Springfield, Vermont; Chattanooga, Tennessee; e Nova York. Por fim, eles se estabeleceram em um apartamento em Cambridge, Massachusetts, que dividiram com a mãe inválida de Eleanor. Um jornal da época A Crônica de Cambridge dizia que ela morava na casa N° 33 rua Washington Avenue.
Em 1901, ela começou a publicar contos nas revistas e jornais da época: Boston's Author Club e Filhas da Revolução Americana (DAC)
Em 1907, ela publicou sua primeira novela Correntes Cruzadas ( Cross Currents), seguida no ano subsequente por outra novela de igual sucesso A Maré, logo se seguiu o romance A História de Marco, considerado irrelevante, e erudito.
Em 1911, ela publicou Miss Billy, que atraiu um número maior de leitores. Miss Billy e A decisão de Miss Billy,publicados logo em seguida, foram romances sentimentais, alegres e joviais, e de grande repercussão popular. Seu trabalho mais popular, no entanto, foi Pollyanna publicado em 1913. Foram cerca de 1 milhão de cópias vendidas naquele mesmo ano. Pollyanna ficou em oitavo lugar entre os romances mais vendidos nos Estados Unidos em 1913, em segundo em 1914 e em quarto em 1915. A novela protagonizada pela órfã Pollyanna Whittier e inspirado no dia a dia da cidade natal da autora. O livro foi um sucesso instantâneo e figurou entre os títulos mais vendidos nos Estados Unidos por vários anos. A pequena e inveterada otimista conquistou o público americano ao reafirmar a força das virtudes camponesas e da alegria de viver. Pollyanna é uma heroína cujo "jogo do contente" de sempre procurar e encontrar o lado bom das coisas de alguma forma reforma seus antagonistas,restaura a esperança aos desesperados e, em geral, corrige os erros do mundo. A popularidade imediata e enorme do livro Pollyanna, deve ser atribuída à ânsia do público leitor americano por garantias de que as virtudes rurais e o otimismo alegre ainda existiam, bem como à habilidade de Porter em misturar traços de consciência social e distância irônica no sentimentalismo de sua mensagem. Como resultado do sucesso do romance, tornou-se comum chamar uma pessoa de Pollyanna para se referir a alguém com um tipo de personalidade caracterizado por um otimismo irreprimível evidente diante das circunstâncias mais adversas ou desanimadoras. Às vezes, é usado pejorativamente , referindo-se a alguém cujo otimismo é excessivo a ponto de ingenuidade ou recusa em aceitar os fatos de uma situação infeliz.
Pollyanna foi a novela que desencadeou nos Estados Unidos - e depois em todo o mundo - uma impressionante onda de esperança, de boa vontade e de entusiasmo. Hotéis, casas de chá, lojas e crianças tiveram o nome da menina que simbolizava a bondade e o otimismo.
Pollyanna foi traduzido para 8 idiomas, foi transformado em peça de teatro da Broadway em 1916, e em filme mudo estrelado por Mary Pickford em 1920. A Disney produziu o filme Pollyanna estrelado por Hayley Mills em 1960, filme pelo qual a atriz Hayley Mills ganhou um Oscar especial por sua atuação no papel-título. Pollyanna cativou tanto os leitores que Porter recebeu uma enxurrada de cartas com pedidos para contar o que aconteceu a seguir com a personagem principal do romance. Pollyanna fez tanto sucesso que a autora escreveu uma continuação Pollyanna moça em 1915. Ainda hoje, mais de 100 anos após a morte da autora, Eleanor H. Porter permanece um sucesso singular. Pois a universalidade e intemporalidade de Pollyanna e Pollyanna Moça fazem-nos romances eternos.
Ao longo de seu carreira, Porter escreveu 16 romances :
Correntes Cruzadas (1907)
A Maré (1908)
A História de Marco (1911)
Miss Billy (1911)
A Decisão de Miss Billy (1912)
Pollyanna (1913)
Rancho das seis estrelas (1913)
Miss Billy Casada (1914)
Pollyanna Moça (1915)
Apenas Davi, David, o órfão ou O Pequeno Violinista (1916)
O caminho para a compreensão (1917)
Ah, Dinheiro! Dinheiro! (1918)
Os fios enrolados (contos 1919)
Ao Longo dos Anos (contos 1919)
A torre negra de Keith (1919)
Alvorecer (1919)
Mary Marie (1920)
Irmã Sue (póstumo 1921)
Amor, Dinheiro e Kate ( póstumo 1925)
Little Pardner ou O pequeno companheiro ( póstumo 1926)
Eleanor se tornou altamente produtiva e chegou a escrever mais de um romance por ano. Pollyanna é o romance pela qual ela é mais conhecida, a história da órfã que vai morar com sua tia ranzinza e que muda a vida de todos com seu 'jogo do contente' cativou os leitores, e conquistou o coração de muita gente, na época do lançamento começaram a se formar Pollyanna's Club, fãs da obra que espalharam uma onda de otimismo pelos estados unidos.
Eleanor H. Porter morreu em 21 de maio de 1920, com 51 anos devido a uma tuberculose ou a um resfriado. Um jornal da época a Crônica de Cambridge publicou um obituário da morte dela. Confira um trecho do Obituário abaixo:
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Vale de Shenandoah no estado norte-americano da Virgínia foi um dos destinos da senhorita porter e seu marido. (Imagem: internet) |
"Entretanto, apesar de sua condição debilitada (devido a tuberculose), ela fazia planos para o verão, pois era costume da senhora Porter e seu marido fazerem longas viagens durante o tempo quente com o propósito de coletar material que era arquivado para uso futuro. Um novo carro de turismo havia sido comprado recentemente e, embora a senhora Porter já tivesse feito alguns passeios curtos nele, ela estava ansiosa para uma longa viagem até as Montanhas AdironDacks (cordilheira no estado de Nova York), as montanhas de cume azul (cordilheira na Carolina do Norte) e o vale de Shenandoah( no oeste do estado da Virgínia), e mais tarde ao Colorado e possivelmente a costa do Pacífico."
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Tia Eleanor viajou pelas Montanhas de Cume Azul que é uma cordilheira na Carolina do Norte. (Imagem: internet) |
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As Montanhas AdironDacks no estado de Nova York também foi um dos destinos do casal Porter. (Imagem: internet) |
Sobre o funeral dela, a Crônica diz:
"Porter morreu na semana passada, sexta feira a noite em sua casa.[..]
Durante o inverno passado, a Sra. Porter estava excessivamente ocupada com seus trabalhos, e através desta aplicação habitual às suas obras ela foi menos capaz de superar os efeitos de um forte resfriado que teve há cerca de um mês. No entanto, ela manteve-se ativa até quinze dias antes de sua morte.
Na época da sua morte, a srta. Porter estava escrevendo uma história que havia sido contatada por uma revista mensal de Boston. Ela também havia terminado recentemente um livro intitulado "Irmã Sue", que uma revista de Nova York havia contatado para ser publicado em série no outono. A Sra. Porter era membra do Boston Author's Club, do Brookline Morning Club e da Author's League of America.
Além do marido, ela deixa um irmão, Fred O. hogdman, de Valley Falls no Kansas. Os serviços funerários para a Sra. porter foram detidos na tarde de terça-feira em sua casa na avenida Washington, 33. O reverendo Charles F. Weeden, do centro de Newton, oficiou e falou brevemente sobre a alegre influência da sra. Porter na vida e na escrita sobre crianças e adultos. Ele disse que ela foi lamentada como uma bela mulher que conquistou o coração de todos que leram suas histórias, que seus livros abençoaram milhares de vidas de velhos e jovens. Ela era amada por sua alegria cativante, sua natureza alegre e sua alegria se refletia em seus personagens. O quarteto de lótus entoou a oração do Pai Nosso e cantou canções como "Bondade Eterna", "Na maravilhosa terra da paz" e "habita comigo". Ela está enterrada no Cemitério Mount Auburn."
Eleanor H Porter morreu em casa em 21 de maio de 1920, e está enterrada no Cemitério Mount Auburn, em Cambridge, Massachusetts. Digno de nota, o impressionante monumento de 22 pés de altura que homenageia sua vida é construído em mármore rosa da Geórgia. A inscrição na placa de bronze escuro diz: “Em memória de Eleanor H. Porter, que através de seus escritos trouxe a luz do sol para a vida de milhões de pessoas.” Abaixo dessas palavras está uma bela escultura de pergaminho aberto e caneta de pena de um escritor, e acima delas o emblema de uma tocha cercada por uma coroa de flores, talvez simbolizando uma chama eterna e a vitória sobre a morte. Ela está enterrada ao lado de outros membros da família Hodgman e ao lado de seu marido John Lyman Porter.

Além de sua obra Pollyanna pela qual Porter é mais celebrada hoje, outro trabalho seu menos conhecido chegou a ser adaptado para o cinema, Ah, dinheiro dinheiro! de 1918, num filme intitulado Sinfônia Prateada. Seus trabalhos mais antigos são considerados mais sombrios e irrelevantes.
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Placa com foto rara da casa de Eleanor H. Porter ao fundo (imagem: internet) |
Porter morreu mas deixou um legado na literatura, conseguiu ser uma escritora numa época em que mulheres raramente seguiam este caminho. Ela é lembrada por sua novela Pollyanna, muitas vezes ofuscada pela alegria cativante de sua amada personagem. Quase todas as suas obras podem ser encontradas na internet em inglês. Já em sua época, Porter inspirou outros autores como Frances Hodgson Burnett (autora de O Jardim Secreto, e O Pequeno Lorde), Lucy Maud Montgomery (autora da saga Anne de Green Gables), Mary Roberts Rinehart (frequentemente chamada de Agatha Christie americana), Elizabeth von Arnim ( autora australiana que foi casada com H. G. Wells), Eleanor Hallowell Abbott ( escritora de Molly faz de conta e O Velho Pai), Maria Thompson Daviess (mais conhecida por seus romances populares escritos no início do século XX, com uma perspectiva de " Pollyanna ", bem como vários romances, entre eles, O derretimento de Molly (1912) , André, o alegre (1913), O Pássaro Dourado(1918) e Senhorita Selina Lue e os bebês da caixa de sabão (1909) e Florence Louisa Barclay ( autora britânica conhecida pelo romance O Rosário).
Nas décadas de 1910 e 1920, diversos romances de Porter estavam na lista dos mais vendidos do jornal Publisers Weekly nos Estados Unidos.
Todas as obras de Porter se encontram em domínio público, e podem ser encontradas e lidas online em inglês e baixadas;
Já em Português, existem inúmeras edições de Pollyanna e Pollyanna Moça, e a obra Just David (1916) existe uma única edição em português que foi traduzida e adaptada por Paulo Silveira, lançado na coleção limitada Elefante, da Ediouro Davi, o Órfão. Que pode ser comprada na Amazon: Comprar Davi, o órfão by Eleanor H. Porter na Amazon.
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