Crítica: Jogos Vorazes: A Cântiga dos Pássaros e das Serpentes

Pôster internacional de Jogos Vorazes:A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (imagem: internet)

Contém Spoiler

 Vou começar dizendo algo que talvez você já saiba, o longa metragem é um pequel da saga de filmes Jogos Vorazes, e é baseado no livro de mesmo nome da autora Suzanne Collins como sempre a autora deixou algumas dúvidas em aberto no final do prequel - ela adora fazer isso para instigar o telespectador a querer mais - o longa metragem traz a atriz Rachel Zegler, de Amor, Sublime Amor e Tom Blyth no papel dos dois protagonistas.

Se você já assistiu a saga de filmes Jogos Vorazes, já sabe que está história se passa muito antes e talvez você já entenda como funciona o mundo de Jogos Vorazes. Caso não tenha assistido os três filmes de Jogos Vorazes eles estão disponíveis no streaming Warner Play, Max. Acho fundamental você assistir porque senão você não vai compreender direito algumas referências do filme.

Resumindo a história, na Trilogia Jogos Vorazes protagonizada por Jennifer Lawrence acompanhamos um mundo distópico onde grande parte da humanidade foi dizimada, onde só a América do Norte é povoada, lá fica a cidade de Panem, que vive sobre uma espécie de ditadura. Existe uma grande cidade que é rodeada por 13 distritos -A Capital - o distrito 13 foi destruído numa guerra chamada Dias Sombrios, onde houve uma rebelião, restando os 12 distritos. Aqui acompanhamos a jornada de uma jovem chamada Katniss Everdreen, que mora com a mãe e a irmã mais nova, Primrose no distrito 12. O pai dela morreu e ela têm um grande amigo que caça na floresta com ela, Gale. Katniss é boa com arco e flecha e uma ótima caçadora. Anualmente é realizada uma competição chamada Jogos Vorazes, no qual eles realizam uma seleção - a Confeita - um menino e uma menina de cada distrito é selecionado para participar dos Jogos Vorazes.

Essa competição consiste em colocar os participantes - chamados tributos- dentro duma arena para lutarem até morrer, o último a ficar vivo é o vencedor e pode voltar pra casa.

Em A Cântiga, a história se passa na 10° edição dos Jogos Vorazes, a autora aproveitou para explorar como surgiu os Jogos Vorazes, quem criou, porque criou. Mas ela fez uma má escolha, na minha opinião, em colocar como protagonista justamente o vilão da Trilogia, Coriolanus Snow. O ditador sangrento que matou e fez coisas horríveis na trilogia, aparece mais jovem. Na Trilogia vemos Coriolanus Snow como um ditador idosos sanguinário sem escrúpulos, vemos como ele perseguiu , matou e foi cruel e também vemos o seu fim.

Pôster brasileiro Jogos Vorazes:A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (imagem: internet)

O longa acompanha o jovem Coriolanus Snow, da elite de Panem no pós guerra. Os pais de Coryo morreram na guerra - Os Dias Sombrios - e agora ele perdeu tudo a quem amava, tendo de morar com seu velha avô e sua prima Tigris - Tigris inclusive aparece nos longas de Jogos Vorazes, como uma vendedora de uma loja em uma fantasia de Tigre, que ajuda Katniss e os outros a se esconderem na loja dela - A família de Coryo se encontra em estado de pobreza, mas Coryo tem esperanças que as coisas melhorem.

Ele estuda na Academia da Capital para filhos da elite, e vai ser mentor na 10° edição dos Jogos Vorazes. Logo no começo do filme já temos muitas cenas desnecessárias na minha opinião, Tom Blyth não tem o físico ideal para fazer este tipo de cena. Outra coisa que me incomodou no filme foram os nomes dos personagens, havia tantos nomes estranhos. Suzanne Collins deveria ter maneirado nesta questão dos nomes.

Quando Coryo vai sair de casa, a Lady-vó desastrada dá uma rosa para ele por na lapela do casaco, e ele desastrado se corta com o espinho da rosa. Entretanto, no longa a melhor amiga do Coryo é Clemência, já no livro é o Sejanus, o Sejanus até aparece e fala mais não chega a papear com o Coryo. Senti que havia muita tensão e nervosismo no ar em algumas cenas, como quando o Coryo vai para a academia acompanhar a Colheita - que é a seleção dos participantes do Jogos Vorazes - daí a Dra. Graul, que é a vilã do longa aparece para anunciar o início da colheita e apresentar o criador dos Jogos Vorazes, o reitor Casca Highbottom, que é um anão.

O Reitor Casca Highbottom criou os Jogos Vorazes como uma punição aos distritos pela rebelião que aconteceu nos Dias Escuros. Para lembrar aos distritos que quem manda é A Capital, e eles não devem se rebelar. Mesmo que o Sejanus questione a Dra. Graul sobre isso, e ainda insinue que isso não vai ajudar, tentando calar a voz dos rebeldes. A Dra. Graul quer que os distritos entendam que eles não tem escapatória.

Viola Davis entregou tudo como Dra. Graul, ela conseguiu transmitir maldade, pavor e crueldade com sua atuação. A Vilã mais icônica da saga, claro não tanto quanto o próprio Coriolanus Snow, que matava diretamente. Já a Dra. Graul é uma vilã mais calculista, estrategista, manipuladora. Ela faz as maldades para atingir diretamente os mais ingênuos sem que ninguém perceba que foi ela.

Todos os mentores assistem a cerimônia da Colheita, até chegar a vez do Distrito 12. Coryo vai ser mentor da garota do Distrito 12, ele fica paralisado, quase sem reação enquanto assiste a tudo. Nesta parte, surge a Rachel Zegler como Lucy Gray Baird, ela foi a escolhida do Distrito 12, e assim que chamam seu nome, ela caminha lentamente até o pódio enquanto escuta uma mulher de cabelo ruivo sorrindo enquanto diz "Quero ver como vai escapar dessa agora". Ela obviamente odeia Lucy Gray e estava torcendo pela morte dela, Lucy Gray é rápida em dar uma lição na mulher, tirando uma cobra do bolso e colocando no vestido da mulher sem que ela veja. Logo depois, a moça começa a gritar e fazer um escândalo no meio da multidão, gritando para tirarem a cobra da roupa dela.

A cena é muito parecida com a descrita no livro, com exceção da roupa da Lucy Gray, que era bem mais colorida e vibrante, inclusive a Clemência faz um comentário sobre isso " Ela é um palhaço?" por conta da roupa muito colorida da Lucy. Assim que ela chega ao pódio leva um tapa de um pacificador por ter armado uma confusão no meio da multidão, Lucy cai por cima do pódio e começa a cantar. Simplesmente, achei a cena muito dramática sem noção, Lucy Gray queria chamar atenção.

Cena do filme A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes ( imagem: internet)

Quando finalmente os tributos são colocados no trem e levados para estação, o Coryo vai levar uma rosa para recepcionar a cantora. Daí rola algo muito louco, Lucy Gray começa a flertar com o Coryo chamando de lindo, gatinho e ela é sem noção e come as pétalas da flor que o Coryo deu para ela. Não curti tanto esse casal, tipo acho que a Lucy daria mais certo com o Sejanus, sinceramente quando li o livro e vi o filme gostei mais do Sejanus do que do Coryo. Porque já sabemos quem o Coriolanus se tornou, aquele ditador que matou muita gente. Então acho que de nada adianta tentar entender como ele virou ditador, porque nada justifica você fazer aquilo, a não ser que você seja mal mesmo.

Rachel Zegler e Tom Blyth interpretam Lucy Gray e Coriolanus Snow respectivamente em A Cântiga dos Pássaros e das Serpentes (imagem: internet)

Teve uma cenas do filme que deixaram a desejar, pois Tom Blyth não tinha o físico ideal, se pudesse escolher eu preferia ver Zack Efron ou Noah Schnapp como Coriolanus Snow. Já a Rachel Zegler faltou mais sensibilidade,mais carinho para interpretar, a atuação dela as vezes é muito mecânica. Rachel Zegler inclusive vai interpretar Branca de Neve no live action da animação em 2025, mas o longa ainda sofre com críticas e discussão entre os atores, Gal Gadot que fará a Rainha Má e Rachel Zegler tiveram um desentendimento que deu o que falar. Alguns trechos do filme gravados por fãs mostram que novamente Rachel Zegler vai entregar uma atuação fraca. Particularmente, acho um grande erro darem o papel de protagonista do longa para uma atriz latina com uma atuação tão ruim, é um grande desafio já que Rachel Zegler não consegue entregar uma atuação natural. Há muitas críticas sobre o novo visual da protagonista, sendo comparada até a um personagem da animação Shrek da DreamWorks.

Voltando a cantiga, como se trata de um filme do universo Jogos Vorazes há diversas mortes ao longo do filme, e algumas referências a trilogia, em uma cena que Coryo e Lucy Gray estão numa campina juntos, Lucy colhe uma planta chamada Katniss, que é um tubérculo. Katniss é justamente o nome da protagonista dos longas de Jogos Vorazes. Outra referência é a cena em que um homem chamado Aldo vai ser enforcado - ele foi acusado injustamente de ter matado Mayflower - e cantam a canção "Árvore Força", essa canção era cantada por Katniss no filme Jogos Vorazes:A Esperança.

No geral, o filme foi mediano. Esperava mais referências, novos personagens mais intrigantes, e que meu personagem favorito não tivesse morrido. Não posso dizer mais porque seria um baita spoiler. Há um grande período de tempo entre o filme e o primeiro filme da saga Jogos Vorazes, mesmo após o fim do filme, ainda ficam algumas questões em aberto. Lucy Gray não aparece na saga principal, e fica a dúvida do que aconteceu com ela. Ela era cantora de uma trupe de músicos O Bando. Também não fica claro o que fez Tigris e Snow se afastarem, na saga principal Tigris aparentemente odeia Snow, enquanto aqui ela o apoia como sua prima. Não fica claro a causa desse desentendimento familiar entre eles.

Assim como no livro, temos três partes que subdividem o filme. Na primeira parte O Mentor entendemos quais as circunstâncias levaram Coriolanus Snow a ser mentor de Lucy Gray Baird nos Jogos Vorazes, e o que aconteceu com seus pais, como surgiu a idéia dos Jogos Vorazes e quem foi seu criador, como vivia a elite da Capital após os Dias Escuros, além de como eram os primeiros jogos vorazes - substancialmente distinto - e o começo dos Jogos. Na parte dois e parte três, são os Jogos Vorazes e o que aconteceu depois deles. Não posso dizer o que acontece na parte três porque é um baita Spoiler.

 Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é um prelúdio intrigante mas que não agrega muita coisa ao que já sabemos do universo de Jogos Vorazes. Senti muita falta de ter alguma aparição da Katniss, Peeta e Gale da trilogia, mas não teve principalmente porque pela ordem cronológica eles nem tinham nascido ainda. Mas ainda acho que a autora podia ter "dado um jeito" de fazer o Crossover dos dois mundos acontecer, o Coryo ou a Lucy Gray podiam ter sonhado com a Katniss, ou ela pudia ter aparecido numa alucinação do Coryo, a Lucy podia ter ido consultar uma cartomante que ia mostrar a ela que no futuro, Katniss iria conseguir acabar com os Jogos. Mas não, nenhuma aparição de Katniss, Peeta nem Gale. Agente ama os personagens da trilogia mas como eles não estão no novo filme, e como entrar num novo mundo onde eles ainda não nasceram. Desde que a autora Suzanne Collins anunciou o prelúdio de Jogos Vorazes, lá em 2019 eu esperava que seria uma nova história sobre os pais da Katniss, mas a autora pegou o vilão e tentou transformar ele em mocinho - não mocinho, mas tentou contar a história de como ele virou ditador- e sumiu com os protagonistas que amávamos. Como disse anteriormente A Cântiga não agrega muito na história, e é um prelúdio que segue uma linha contrária ao da trilogia. Vale a pena assistir, tem uns momentos chatos,outros tensos, e finalmente,se você gosta desta saga não perca.

Foi anunciado que em 2025, Suzanne Collins vai lançar mais um prequel da saga, desta vez, a história vai se passar na edição em que Haymith Albernath, o mentor de Katniss Everdreen foi o vencedor dos Jogos Vorazes, precisamente na 50° edição, o novo livro vai se chamar "Sunrise on the Reaping" (literalmente: Nascer do Sol na Colheita). Rumores apontam que o ator Tanner Buchanan estaria interessado em interpretar o jovem Haymith no novo longa. Agora é esperar para ver, nós vamos te atualizando por aqui. 

Um beijo, tchau.